IMPORTÂNCIA NO ECOSSISTEMA
O lobo é um carnívoro oportunista que assume um importante papel ecológico enquanto predador de topo e necrófago. Como predador de topo regula a dinâmica das espécies que ocupam os níveis tróficos inferiores. Com efeito, seja através da predação ou simplesmente pela sua presença no território, o lobo regula o número, comportamento e estado de saúde das populações de herbívoros e pequenos carnívoros. Além disso, de uma forma mais abrangente, influencia a natureza das relações ecológicas, tanto a nível intraespecífico (entre indivíduos da mesma espécie), como a nível interespecífico (entre indivíduos de diferentes espécies), assim como a forma como cada espécie interage com o meio. Este processo é claramente demonstrado com a reintrodução de lobos no início de 1995 no Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos da América, como se pode ver no vídeo seguinte.
Como necrófago, o lobo alimenta-se das carcaças de animais já mortos, prevenindo a transmissão de zoonoses (doenças que afetam animais selvagens e humanos) e acelerando o processo de reciclagem dos nutrientes que é realizado pelos organismos decompositores.
Como predadores de topo os lobos prestam vários serviços nos ecossistemas onde ocorrem, alguns dos quais beneficiam também os seres humanos. Indicam-se a seguir alguns desses serviços:
- Regula os efetivos e a densidade de presas silvestres, como os javalis, corços e veados, que causam muitas vezes prejuízos na agricultura e na floresta.
- Controla a propagação de algumas doenças e contribui para a aptidão física das suas presas silvestres, ao alimentar-se preferencialmente dos animais que estão débeis e doentes.
- Alimenta-se de cadáveres de animais mortos, que podem ser fonte de doenças.
- Como superpredador, contribui para controlar o número de outros carnívoros mais generalistas e comuns, tais como a raposa e o texugo, assim como cães e gatos vadios ou assilvestrados, minimizando o impacto destes nos animais domésticos e nas espécies cinegéticas.
- Em particular, o lobo é muito importante no controle de cães vadios e assilvestrados, que na ausência do lobo tendem a ocupar o seu lugar no ecossistema. Estes cães frequentemente causam prejuízos avultados no gado, que não são compensados pelo Estado, e apresentam também um perigo para a saúde e segurança pública, com vários ataques reportados a humanos.
Em regiões onde as presas silvestres são abundantes o lobo baseia a sua alimentação nestas espécies, reduzindo significativamente os ataques ao gado e promovendo, através da seleção natural, a melhoria da condição sanitária e física das populações de ungulados silvestres.
O Nordeste Transmontano é um bom exemplo desse equilíbrio. Os ataques ao gado são praticamente nulos e as populações de corço, veado e javali, sujeitas à predação do lobo, oferecem excelentes troféus para exploração cinegética.