CRONOLOGIA DA CONSERVAÇÃO E DA INVESTIGAÇÃO DO LOBO

< 1967

Estudos anatómicos sobre o lobo (Lopes-Vieira, 1894) ou referências à ocorrência de lobo em Portugal, normalmente associadas à atividade cinegética ou a Listagens Gerais de Fauna (Bocage, 1863; Mira, 1875; Pereira, 1893; Moller, 1894; Seabra, 1910; Baeta-Neves, 1952; Nabais-Cunha, 1964; Lagrifa Mendes, 1968).

1967

Publicação do regulamento da caça onde o lobo é considerado espécie cinegética, podendo ser caçado durante todo o ano e por todos os meios (Decreto 47847).

1970

Breves referências à ocorrência de lobo em Portugal em trabalhos sobre o lobo-ibérico de autores espanhóis (José Valverde, Félix Rodriguez de la Fuente).

1971

Publicação pelo Serviço de Caça da Direcção-Geral de Recursos Florestais (DGF) de um estudo sobre a situação e distribuição do lobo, entre 1933 e 1957, e da relação com o ser humano, focando a predação de animais domésticos, os fojos e os cães-pastores (Eric Flower, 1971).

1973

Criação do Grupo de Especialistas do Lobo (Wolf Specialist Group) da UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN - International Union for the Conservation of Nature).

1973

Visita a Portugal, à área de distribuição do lobo na região Norte, de Douglas Pimlott, Presidente do Wolf Specialist Group da IUCN.

1973

Realização do XI Congresso Internacional dos Biologistas de Caça (IUGB – International Union of Game Biologists), no âmbito do qual se realizou o 1º encontro do Grupo de Especialistas do Lobo, com a participação do Dr. Carlos Paixão de Magalhães (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e Serviço de Caça da Direcção-Geral de Recursos Florestais), que se tornou o representante português nesse grupo de especialistas. Desse encontro resultou o Manifesto sobre a Conservação do Lobo que esteve na base da proteção da espécie na Europa.

1974

Convite oficial do Dr. H. Jungius (WWF) para Portugal participar no projeto Wolf Conservation in Europe, da IUCN e da WWF, visando a conservação do lobo, o que despoletou uma maior preocupação pela recolha sistemática de informação e promoveu o estudo do lobo em Portugal, sob a coordenação do Dr. Carlos Paixão de Magalhães. Essa linha de estudos envolvia conhecer os hábitos alimentares, a reprodução, os territórios e os movimentos das alcateias (recorrendo à radiotelemetria) e, finalmente, pretendia conservar o habitat do lobo e sensibilizar a população rural para a conservação da espécie.

1974

Aprovação de nova legislação relativa ao regime de caça onde o lobo é considerado uma espécie cinegética, mas sujeita a uma regulação especial, principalmente relacionada com os períodos em que é caçado e os métodos de caça (Decreto-Lei 354-A/74).

1975

Publicação científica sobre a distribuição, os hábitos alimentares e as perspetivas de conservação do lobo em Portugal (Paixão de Magalhães, 1975).

1975

Criação do Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza (SNPRCN, atual ICNF).

1976

Publicação do diploma que revoga a Lei 9/70 e define os diferentes tipos de áreas protegidas (Decreto-Lei 613/76).

1979

Publicação de uma tese de licenciatura em biologia, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), sobre os hábitos alimentares do lobo e o seu impacto na pecuária, na Região de Bragança (Francisco Petrucci-Fonseca, 1979).

1980

Ratificação da Convenção de Washington sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), onde se inclui o lobo no Anexo II (Decreto 50/80)

1981

Ratificação da Convenção de Berna relativa à Conservação da Vida Selvagem e dos Habitats Naturais da Europa, onde se inclui o lobo no Anexo II (espécies estritamente protegidas) (Decreto 95/81).

1981

Concretização do apoio da IUCN e da WWF ao projeto Wolf Conservation in Europe, após uma reunião em Bragança com David Mech (coordenador científico do projeto e presidente do Wolf Specialist Group da IUCN), Jan van Haaften (técnico- consultor da WWF), Miguel Delibes (representante Espanhol do Wolf Specialist Group), Carlos Magalhães e Francisco Petrucci-Fonseca. O projeto envolvia o estudo da ecologia do lobo e relação com o corço, o veado e os animais domésticos e contava com o apoio da Direcção-Geral de Recursos Florestais (DGF). Em 1982/83, com a colaboração de Jan van Haaften e Steve Knick, foram capturados 10 lobos que foram equipados com um colar-radioemissor (Haaften et al., 1983; Pereira et al., 1985). Tratou-se de um estudo pioneiro, a nível Ibérico e Europeu, com um elevado número de lobos seguidos por radiotelemetria - só 10 anos mais tarde se voltariam a realizar em Espanha e Portugal estudos de lobo com recurso à radiotelemetria.

1981
-
1985

Apresentações científicas em congressos internacionais sobre a importância e as estratégias para a proteção do lobo em Portugal (Petrucci-Fonseca, 1981), o impacto predatório do lobo (Magalhães & Petrucci-Fonseca, 1982) e a sua ecologia espacial, com apresentação dos resultados do projeto Wolf Conservation in Portugal (Pereira et al., 1985).

1984

Publicação de um livro sobre o lobo-ibérico por um autor espanhol, com vastas referências à ocorrência de lobo em várias regiões de Portugal, incluindo também aspetos da relação do Homem com o lobo (Ramón Grande del Brio, 1984).

1984

Publicação pela Direcção-Geral de Recursos Florestais (DGF) da brochura de divulgação, Aspectos do lobo em Portugal (Paixão de Magalhães & Petrucci-Fonseca, 1984), que revela uma grande redução da população de lobo com base no número de animais abatidos por distrito.

1985

Criação do Grupo Lobo - Associação para a Conservação do Lobo e do seu Ecossistema, uma associação não-governamental e sem fins lucrativos cujo presidente-fundador é Francisco Petrucci-Fonseca, professor da Faculdade de Ciências de Lisboa até 2023.

1986
-
1988

Realização do primeiro censo de lobo abrangendo todo o território continental Espanhol (Blanco et al., 1990).

1987

Definição do Programa Signatus, uma estratégia elaborada pelo Grupo Lobo para contribuir para a conservação do lobo em Portugal que traduz uma abordagem multidisciplinar, incluindo estudos científicos, a promoção de medidas práticas de conservação e a educação e sensibilização da sociedade. Esta iniciativa foi premiada com uma menção honrosa na área do ambiente do concurso internacional Rolex Awards for Entreprise (Petrucci-Fonseca, 1987).

1987

Publicação do Decreto-Lei 311/87 que regulamenta a Lei da Caça (Lei 30/86), onde o lobo continua a ser espécie cinegética, mas a sua caça está sujeita a regulação especial e com fortes condicionamentos.

1987

Criação do Centro de Recuperação do Lobo Ibérico (CRLI) por Robert Lyle e Francisco Petrucci-Fonseca, Presidente do Grupo Lobo, com o objetivo de providenciar um ambiente de cativeiro adequado a lobos que não podem viver em liberdade, por serem vítimas de armadilhas ou de cativeiro ilegal. Atualmente o CRLI também recebe lobos-ibéricos vindos de outros parques zoológicos que não tenham condições para os manter. O CRLI foi criado com o apoio da Fundação Bern Thies, sendo atualmente propriedade do Grupo Lobo.

1988

Publicação da Lei 90/88 - Proteção do lobo ibérico, que define as bases para a proteção, conservação e fomento do lobo em Portugal. O lobo deixa de ser classificado como uma espécie cinegética, passando a ter proteção total.

1990

Publicação do Decreto-Lei 139/90, que regulamenta a Lei 90/88 (Proteção do lobo ibérico), definindo o quadro legal de sanções, o controlo de cães assilvestrados e as normas referentes às indemnizações pelo Estado dos prejuízos que o lobo causa nos animais domésticos. O lobo torna-se a única espécie da fauna em Portugal totalmente protegida por legislação específica.

1990

Publicação de uma tese de doutoramento em biologia, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), com uma abordagem multidireccionada, analisando e discutindo a evolução histórica da distribuição do lobo e aspetos relativos à sua morfologia, ecologia (demografia, dieta, parasitas) e à conservação da espécie em Portugal (Francisco Petrucci-Fonseca, 1990).

1990

Publicação pelo SNPRCN (atual ICNF) do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal onde o lobo é classificado com o estatuto de espécie "Em Perigo de Extinção" (SNPRCN, 1990).

1990

Início da publicação de estudos e comunicações científicas sobre o lobo e a sua conservação, no âmbito do Programa Signatus do Grupo Lobo, focando aspetos da distribuição, ecologia, comportamento, parasitologia, genética, atitudes públicas e comunicação sobre o lobo, incluindo ainda estudos sobre presas silvestres, cães vadios e o uso de cães de gado para prevenir os ataques aos animais domésticos e mitigar os conflitos com o lobo. Estes estudos resultam de teses de licenciatura, mestrado e doutoramento realizadas na Faculdade de Ciências de Lisboa (FCUL) e de projetos orientados e coordenados por Francisco Petrucci-Fonseca, presidente do Grupo Lobo, e prosseguem até aos dias de hoje.

Grupo Lobo - Relatórios de estágio / Teses de Mestrado e de Doutoramento
Grupo Lobo - Comunicações científicas

1992

Realização da ECO-92 - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, da qual resultou a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), ratificada por Portugal nesse mesmo ano. A CDB tem por objetivos a conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável dos seus componentes e a partilha justa e equitativa dos benefícios que advêm da utilização dos recursos genéticos.

1992

Publicação da Diretiva Habitats (Diretiva 92/43/CEE) do Conselho Europeu da União Europeia, que pretende assegurar a conservação de habitats naturais e de espécies da flora e da fauna silvestres consideradas ameaçadas e com interesse comunitário (com exceção das aves protegidas pela Diretiva Aves), onde se inclui o lobo nos Anexos II e IV.

1994

Criação do Programa de Distribuição de Cão de Gado Transmontano pelo Parque Natural de Montesinho, com a atribuição de cães de gado a pastores na região do Nordeste Transmontano, como forma de diminuir os prejuízos que o lobo causa no gado, iniciativa que decorreu até há uns anos, tendo entregue cerca de 800 cães da raça Cão de Gado Transmontano.

1995
-
1997

Realização do primeiro censo nacional de lobo, no âmbito do projeto Conservação do Lobo em Portugal, financiado pelo Programa LIFE, coordenado pelo ICN (atual ICNF) e com a participação do Grupo Lobo e do Instituto do Ambiente e Vida (IAV) da Universidade de Coimbra (ICN, 1997).

1996

Início do Programa Cão de Gado, desenvolvido pelo Grupo Lobo, que pretende recuperar a utilização das raças nacionais de cães de gado para melhorar a proteção dos rebanhos e das mandas e assim contribuir para diminuir os conflitos entre o lobo e os humanos que resulta dos ataques que o lobo faz ao gado. Esta linha de ação foi definida em 1987, mas apenas teve início quando foram obtidos os primeiros apoios. O Programa, que decorre até hoje, já colocou perto de 700 cães de gado das quatro raças nacionais, maioritariamente Cão de castro Laboreiro e Cão da Serra da Estrela, em rebanhos e manadas em toda a área de distribuição do lobo.

Grupo Lobo - Programa

1997

Realização do I Congresso Hispano-Luso - Situação e conservação das populações de lobo na Península Ibérica, em Soria (Espanha), organizado pela SECEM - Sociedad Española para la Conservación y Estudio de los Mamíferos (Espanha) e pelo Grupo Lobo (Portugal).

1992
-
1999

Realização de estudos sobre o lobo, promovidos pelo ICN (atual ICNF), no âmbito do projeto Conservação do lobo em Portugal, financiado pelo Programa LIFE. Estes estudos decorreram na região do Parque Nacional da Peneda-Gerês, em colaboração com a Faculdade de Ciências do Porto (FCUP), focando os hábitos alimentares da espécie (J. Lançós, 1999), e na região de Bragança, em colaboração com a Faculdade de Ciências de Lisboa (FCUL), focando a ecologia espacial do lobo com recurso à radiotelemetria (L. Moreira, 1992; V. Pimenta, 1998).

1998

Realização de estudos pontuais sobre a ecologia e conservação do lobo por outras equipas de investigação da Universidade de Coimbra e da Universidade Nova de Lisboa (Farral et al., 1998; Vingada et al., 1998).

1998

Realização de um estudo antropológico sobre a relação Homem-lobo no Parque Natural de Montesinho, no âmbito de uma tese de doutoramento da Universidade d’Aix-Marseille (França) (J.P. Galhano-Alves, 2002).

1998

Publicação técnica-divulgativa sobre o lobo no nordeste de Trás-os-Montes (L. Moreira, 1998).

1999

Criação pelo ICNB (atual ICNF) do Sistema de Monitorização de Lobos Mortos (SMLM), um sistema de recolha e centralização dos lobos encontrados mortos, com o objetivo de monitorizar a mortalidade da espécie e potenciar estudos com interesse para a sua conservação, disponibilizando informação e amostras biológicas (Barroso & Pimenta, 2008).

2000

Realização de um intenso trabalho de sensibilização, informação e formação sobre o lobo e a sua conservação, desenvolvido pelo Grupo Lobo junto da sociedade em geral e, principalmente, da comunidade escolar, disponibilizando uma ampla oferta pedagógica, que continua até aos dias de hoje, incluindo também as visitas do público geral e escolar ao Centro de Recuperação do Lobo Ibérico (CRLI) (Álvares & Petrucci-Fonseca, 2002; Nunes & Álvares, 2005).

2000

No âmbito do seu Programa Signatus, o Grupo Lobo inicia ou continua a desenvolver linhas de investigação sobre o lobo numa perspetiva multidisciplinar, sob a coordenação de Francisco Petrucci-Fonseca, presidente do Grupo Lobo. Destaca-se a monitorização populacional (incluindo a avaliação de impactes ambientais), o estudo das atitudes públicas face ao lobo, a modelação para análise da potencialidade e dos padrões de ocorrência da espécie (recorrendo a novas tecnologias – SIG, redes neuronais), o estudo e a valorização do património cultural e histórico associado ao lobo.

Grupo Lobo - Publicações sobre lobo

2000
-
2002

Monitorização populacional do lobo na área do Parque Natural do Alvão desenvolvida pelo ICN (atual ICNF).

2000

Início de estudos pontuais desenvolvidos por diversas equipas de investigação (p.ex.. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, CIPA/Instituto Português Arqueologia, Universidade de Neuchâtel/Suíça) sobre a ecologia e conservação do lobo, a maioria potenciado pelos dados disponíveis no âmbito do Sistema de Monitorização de Lobos Mortos (Vos, 2000; Moreno et al., 2003; Santos et al., 2005; Travassos et al., 2005).

2000

Início de vários Planos de Monitorização do Lobo, no âmbito dos processos de Avaliação de Impacte Ambiental da construção de parque eólicos ou de redes viárias em Sítios da Rede Natura 2000 (p.ex. Álvares et al., 2005a,b; Ferrão da Costa et al., 2005).

2000

Início de várias ações de valorização ecoturística do lobo e do património cultural a ele associado, destacando-se os fojos do lobo, principalmente na região noroeste de Portugal, com o apoio de instituições privadas ou públicas (www.ecomuseu.org; Álvares & Petrucci-Fonseca, 2002; Álvares, 2006).

2000

Realização do Colóquio “O lobo na Beira Alta: sobrevivência ou extinção”, realizado na Guarda e organizado pela Câmara Municipal da Guarda, que reuniu numa região de ocorrência do lobo, vários investigadores e responsáveis pela conservação do lobo em Portugal.

2002
-
2003

Realização do segundo censo nacional de lobo, promovido pelo ICN (atual ICNF) em parceria com o Grupo Lobo, tendo sido detetada a presença de 63 alcateias, estimando-se existirem cerca de 300 lobos em Portugal (Pimenta et al., 2005). A uniformização de critérios metodológicos e de análise, semelhantes ao utilizados em Espanha, permitiu uma análise ibérica da distribuição e situação populacional do lobo (Álvares et al., 2005c).

2003

Início de uma linha de investigação em genética populacional do lobo em Portugal, desenvolvida pela Universidade do Porto (CIBIO-UP) em colaboração com o ICN (atual ICNF) (Ferrand et al., 2005; Godinho et al., 2005).

2004

Criação do Programa Antídoto – Portugal, uma plataforma que integra várias entidades públicas (p.ex. ICN - atual ICNF, DGAV, SEPNA-GNR, faculdades de veterinária) e privadas (associações de caçadores e agricultores, parques zoológicos, ONGs de ambiente, incluindo o Grupo Lobo), com o objetivo de combater o uso ilegal de venenos, que constitui uma importante causa de morte de várias espécies ameaçadas em Portugal, incluindo o lobo (Álvares, 2003; Álvares & Brandão, 2005).

2004

Exibição de uma reportagem televisiva da autoria de Jacinto Godinho sobre o projeto de Pedro Alarcão e Anabela Moedas, um casal de jornalistas que pretendiam filmar lobos em liberdade em Portugal. A reportagem, transmitida na RTP, registou um importante recorde de audiências.

2004

Realização das Jornadas sobre o lobo-ibérico, em Lamas de Mouro (Melgaço), organizadas pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa dos Montes Laboreiro, que reuniu em plena área de ocorrência de lobo, vários investigadores e responsáveis pela conservação do lobo na Galiza, Portugal e Noroeste de Portugal.

2004

Publicação do livro, Serra da Aboboreira – A Terra, o Homem e os Lobos, editado pela Câmara Municipal de Amarante, que dedica alguns dos capítulos à ecologia e distribuição do lobo-ibérico e ao lobo no imaginário popular (Álvares, 2004a,b).

2004

Início do projeto LIFE COEX - Melhorar a Coexistência dos Grandes Carnívoros com as Atividades Agrícolas no Sul da Europa, desenvolvido em Portugal, Espanha, França, Itália e Croácia, com coordenação nacional do Grupo Lobo. Este projeto, com a duração de 5 anos, pretendeu desenvolver as condições socioeconómicas e legislativas para uma conservação efetiva do lobo e do urso, promovendo medidas para minimizar os conflitos, valorizando o ecoturismo e os produtos locais e aumentando o conhecimento sobre as espécies e como podemos melhor coexistir.

2005

Realização do II Congresso Luso-Espanhol - Situação e Conservação do lobo-Ibérico, em Castelo Branco, organizado pelo Grupo Lobo, Escola Superior Agrária de Castelo Branco, Centro de Biologia Ambiental (FCUL) e pelas entidades espanholas, A.RE.NA – Asesores en Recursos Naturales, SECEM - Sociedad Española para la Conservación y Estudio de los Mamíferos e ASCEL - Asociación para la Conservación y Estudio del Lobo Ibérico.

2005

Publicação pelo ICN (atual ICNF) do novo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, onde o lobo continua a ter o estatuto de espécie “Em Perigo de Extinção”.

2006

Criação da Sociedade Fogium Lupale, um grupo de trabalho luso-espanhol para o estudo e valorização do legado cultural da fauna selvagem, de onde se destaca todo o património cultural e etnográfico associado ao lobo.

2006

Publicação do livro, Lobos em Portugal, que aborda temáticas em torno do lobo, desde a sua ecologia e conservação à sua perseguição e outros aspetos histórico-culturais (Caetano et al., 2007).

2006

Publicação do livro Bitcho Bravo, de Ricardo Rodrigues, uma reportagem sobre o lobo na região do Barroso e, em especial, sobre o trabalho de investigação desenvolvido por Francisco Álvares. O livro, editado pela Dom Quixote, registou um importante recorde de vendas (Rodrigues, 2006).

2006

Criação da ACHLI – Associação de Conservação do Habitat do Lobo Ibérico, por um grupo de empresas relacionadas com a implementação de projetos eólicos nas Serras da Freita, Arada e Montemuro. Mais tarde, com a incorporação de novos associados, a área de atuação foi alargada para as regiões Oeste a Sul do Rio Douro e do Alto Minho. A ACHLI gere o Fundo de Conservação do Habitat do Lobo Ibérico (Fundo do Lobo) que resulta de contribuições decorrentes de medidas compensatórias de alguns dos seus associados e que visa o apoio a projetos de investigação, gestão e conservação da espécie e do seu habitat.

ACHLI

2010

Publicação do livro, Cães de Gado, que pretendeu dar a conhecer as raças nacionais de cães tradicionalmente usadas para proteger o gado e o importante contributo que estes cães têm na conservação do lobo ao facilitar a coexistência com este predador, destacando o Programa Cão de Gado, desenvolvido pelo Grupo Lobo (Caetano et al., 2010).

2010

Atribuição do Prémio BES Biodiversidade 2010 ao Grupo Lobo em reconhecimento das ações desenvolvidas no âmbito do Programa Signatus em prol da conservação do lobo em Portugal.

2012

Publicação do livro, Um Olhar Sobre os Carnívoros Portugueses, editado pela Associação Carnivora, o qual, entre os vários capítulos dedicados aos carnívoros da fauna portuguesa, dedica um deles ao lobo-ibérico, um superpredador ao mesmo tempo admirado e perseguido (Ribeiro & Petrucci-Fonseca, 2012).

2012

Realização do III Congreso Ibérico del Lobo, em Lugo (Espanha), organizado pela Asociación Galega de Custodia do Territorio e colaboração com as entidades espanholas, SECEM - Sociedad Española para la Conservación y Estudio de los Mamíferos, a A.RE.NA – Asesores en Recursos Naturales, a ASCEL – Asociación para la conservación y estudio del lobo ibérico, a Universidade de Santiago de Compostela, e ainda o Grupo Lobo e o CIBIO-InBio – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, de Portugal.

2012

Criação do grupo de Facebook LOBO IBÉRICO, um espaço de comunicação e esclarecimento (com rigor científico) dedicado ao lobo-ibérico e à promoção da coexistência pacífica com a espécie.

GRUPO Facebook LOBO IBÉRICO

2012

Início do projeto LIFE MedWolf – Boas Práticas para a Conservação do Lobo em Áreas Mediterrânicas, desenvolvido em Portugal e Itália, com coordenação nacional do Grupo Lobo. Este projeto, com a duração de 5 anos, pretendeu promover as melhores práticas para prevenir prejuízos, estudar a espécie e combater o furtivismo (caça ilegal e uso de veneno), para além de promover o ecoturismo associado ao lobo e desenvolver ações de formação, informação e sensibilização sobre conservação e coexistência com a espécie.

2013

Realização do Colóquio - O Lobo Ibérico na Beira Interior, em Almeida, organizado pela Associação Transumância e Natureza (ATN), em parceria com o Grupo Lobo e o CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, que pretendeu dar a conhecer a evolução do lobo na região raiana, contando com a presença de vários investigadores e gestores nacionais e de Espanha, numa região onde o lobo continua bastante ameaçado.

2015

Publicação da Situação de Referência para o Plano de Ação para a Conservação do Lobo-Ibérico em Portugal, um documento produzido pelo ICNF, em colaboração com o CIBIO‐InBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Universidade do Porto), o CE3C – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (Universidade de Lisboa) e a Universidade de Aveiro, que reuniu o conhecimento científico existente sobre a espécie e serviu de base à elaboração do PACLobo - Plano de Ação para a Conservação do Lobo-Ibérico (Álvares et al. 2015).

2016

Publicação do Decreto-Lei 54/2015 que desenvolve os princípios da proteção e conservação do lobo-ibérico consagrados na Lei 90/88 – Proteção do lobo ibérico, revogando o decreto anterior (Dec-Lei 139/90).

2016

Realização do IV Congresso Ibérico do Lobo, em Castelo Branco, organizado pelo Grupo Lobo em colaboração com entidades nacionais, Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco, o CE3C – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (FCUL), o CIBIO-InBio – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, e espanholas, Asociación Galega de Custodia do Territorio, A.RE.NA – Asesores en Recursos Naturales, ASCEL – Asociación para la conservación y estudio del lobo ibérico e SECEM - Sociedad Española para la Conservación y Estudio de los Mamíferos.

2017

Inauguração no Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa da exposição, Reis da Europa Selvagem - os nossos últimos grandes carnívoros, realizada em colaboração com o Grupo Lobo. Esta exposição pretendeu dar a conhecer o urso, o glutão, o lince e o lobo, dando especial atenção ao lobo e ao lince ibéricos. Reuniu 45 animais naturalizados, integrados em dioramas e cenários com imagens, sons e realidade aumentada, dando a conhecer o habitat das várias espécies, a sua relação com o homem, as principais ameaças e desafios à sua conservação. Esteve em exibição dois anos e meio, tendo recebido cerca de 93.000 visitantes, uma média de 3.000 por mês.

2017

Publicação do PACLobo - Plano de Ação para a Conservação do Lobo-ibérico (Despacho 9727/2017), que enquadra e coordena o esforço nacional para a conservação da espécie no território nacional.

2019

Início pela Rewilding Portugal do projeto LIFE WolFlux - Diminuição das barreiras socioecológicas à conectividade de lobos a sul do rio Douro, que visa promover as condições ecológicas e socioeconómicas necessárias para apoiar a viabilidade da subpopulação de lobo-ibérico na região centro do país. O projeto, com a duração de 5 anos, pretende promover o uso de medidas de proteção do gado e fomentar as presas silvestres (como o corço), valorizar e promover produtos locais associados ao lobo e reduzir o furtivismo (caça ilegal e uso de veneno) e os incêndios em áreas importantes para a espécie.

O Projeto | Rewilding Portugal (rewilding-portugal.com)

2019
-
2021

Realização do Censo Nacional de Lobo-Ibérico, 15 anos após o último censo nacional, para atualizar a área de distribuição da espécie, o número e a situação das alcateias existentes. Coordenado pelo ICNF, o censo resultou do trabalho conjunto de seis entidades: A.RE.NA. Asesores en Recursos Naturales, Grupo Lobo, Palombar, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Universidade de Aveiro e ARCA - People and Nature. Os resultados deverão estar disponíveis em 2023.

2020

Início no Parque Natural de Montesinho do projeto HabMonte - Prevenção Estrutural e Conservação de Habitats Naturais Protegidos e Espécies Prioritárias, desenvolvido pelo ICNF, que pretende melhorar o estado de conservação e aumentar a área de habitats naturais protegidos, melhorar a gestão de áreas florestais e aumentar a resiliência da paisagem aos incêndios rurais, para além de melhorar o estado de conservação de espécies de fauna com elevado valor, como o lobo-ibérico.

2022

Criação do Instagram loboiberico.pt - projeto educativo e interativo sobre o lobo-ibérico em Portugal

2023

Início do projeto LIFE WILD WOLF - Concrete Actions for Maintaining Wolves Wild in Anthropogenic Landscapes of Europe, coordenado pelo Istituto di Ecologia Applicata, e desenvolvido em Itália, Portugal, Suécia, Alemanha, República Checa, Eslovénia, Croácia e Grécia. O projeto, com a duração de 5 anos e área de atuação nacional na região da Peneda-Gerês, pretende reduzir os conflitos com os humanos, aumentando o conhecimento e a capacidade de gerir situações que envolvam a presença do lobo próximo de áreas rurais e periurbanas, limitando a habituação e dependência alimentar do lobo aos animais domésticos e reduzindo o impacto do furtivismo (caça ilegal e uso de veneno) de modo a contribuir para a conservação do lobo.

2023

Publicação do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental, coordenado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e CE3C – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, em parceria com o ICNF, onde o lobo mantém o estatuto de espécie “Em Perigo de Extinção” (Mathias et al. 2023).

2023

Lançamento da plataforma loboiberico.pt

Missão plataforma loboiberico.pt

Alexandre et al. (2000) A população lupina a sul do rio Douro. Galemys 12(NE), 113-122.
Álvares (1995) Aspectos da distribuição e ecologia do lobo no noroeste de Portugal. O caso do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Álvares (2003) A Problemática dos venenos na conservação do lobo e o seu impacto na biodiversidade dos ecossistemas. GRUPO LOBO/PROGRAMA ANTÍDOTO.
Álvares (2004a) O lobo-ibérico, biologia, ecologia e distribuição. In: Nunes (Coord.) Serra da Aboboreira: A Terra, o Homem e os Lobos. Câmara Municipal de Amarante.
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Álvares (2006) Espécies emblemáticas & desenvolvimento rural: O potencial do lobo-ibérico e da sua identidade na cultura popular. Jornadas sobre “Biodiversidade e Mundo Rural: Perspectivas e Estratégias de Conservação da Fauna Selvagem”. ALDEIA/NEBUP.
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