A exploração florestal intensiva, os incêndios e o desenvolvimento de grandes infraestruturas, tais como estradas, centrais solares, barragens, minas e parques eólicos, podem ter um impacto negativo no habitat do lobo, destruindo as áreas utilizadas pelas alcateias para se alimentarem e reproduzirem.

Na área de ocorrência do lobo, incluindo no interior do território de várias alcateias existentes em Portugal, existem variadas infraestruturas que envolvem diferentes tipos de impactes no lobo. As redes viárias, em particular auto-estradas ou caminhos-de-ferro, podem constituir uma barreira à livre circulação de lobos e uma fonte de mortalidade por atropelamento. As albufeiras resultantes de barragens envolvem uma destruição irreversível dos territórios de caça e reprodução de alcateias, assim como, dependendo da sua extensão, também podem ter um importante efeito barreira. As pedreiras ou minas podem envolver perturbação ou destruição de locais de refúgio e reprodução do lobo ou mesmo dos seus territórios de caça.

Adicionalmente, a aposta de Portugal nas energias renováveis durante as últimas décadas, tem levado a potenciais efeitos negativos no habitat do lobo, tendo em conta a nossa paisagem já fortemente dominada por atividades humanas.

Um exemplo, é a proliferação de parques eólicos nas zonas serranas do norte e centro do país, onde o lobo persistiu, em grande parte, devido às condições de isolamento e dificuldade de acesso que existiam. No entanto, estes empreendimentos, que envolvem a colocação de estruturas com impacto visual e sonoro, implicam a abertura de vias que facilitam o acesso humano, muitas vezes levando ao afastamento do lobo e ao abandono de locais de reprodução próximos. 

Atualmente, existem mais de 1.200 aerogeradores instalados na área de ocorrência regular do lobo, no território de cerca de 30 (46%)  alcateias. Em alguns casos, esse número é bastante elevado, como no caso da alcateia de Montemuro (localizada num sítio  protegido da Rede Natura 2000), que tem mais de 150 aerogeradores instalados no  seu território.

É importante compatibilizar a presença destas infraestruturas com a conservação do lobo, através de medidas que minimizem o seu impacto. Estas podem incluir alterações no desenho do projeto, condicionantes na fase de construção ou minimização de impactes durante a exploração (p.e. construção de passagens para o lobo, interdição de acesso público). Nalguns casos em que a sobrevivência ou viabilidade das alcateias possa estar em causa, deverá ser, inclusivamente, considerada a não construção do empreendimento. Face aos potenciais impactos negativos já referidos e ao crescente impacte cumulativo entre diferentes projetos próximos, o desenvolvimento destes empreendimentos deverá obrigar a medidas compensatórias, que permitam atenuar outras ameaças à conservação do lobo.