AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A POPULAÇÃO DE LOBO NA PENÍNSULA IBÉRICA
De forma a alcançar uma coexistência sustentável entre a importância de conservar o lobo e o desenvolvimento das atividades humanas, várias ações prioritárias foram já identificadas por investigadores e gestores, quer para a população de lobo na Península Ibérica, quer, particularmente, para a população lupina portuguesa.
Potenciar o desenvolvimento e implementação dos Plano de Ação nacionais, os quais definem os procedimentos para a conservação da população de lobos a nível nacional.
Desenvolver uma cooperação eficaz entre os governos de Portugal e Espanha de forma a assegurar uma gestão transfronteiriça das populações de lobos. Criar dois órgãos consultivos para abordar temas chave na gestão e conservação do lobo: i) uma comissão técnica composta por especialistas para fornecer apoio científico e técnico; e ii) um comitê de políticas composto por representantes das partes interessadas para discutir as decisões de gestão.
Promover populações de presas selvagens, especialmente em Portugal e avaliar a viabilidade e suporte legal para recuperar a gestão tradicional de carcaças de gado em áreas com reduzida abundância de presas selvagens ao abrigo da recente regulamentação da União Europeia.
Garantir condições para que as medidas de prevenção de ataques sejam adotadas por todos os criadores de gado, particularmente por aqueles que sofrem uma quantidade desproporcional de ataques de lobo. Avaliar a eficácia atual das medidas de prevenção de danos (cercas elétricas, cães de proteção de gado, pastor, etc.) considerando os estilos de vida modernos. Informar os criadores sobre as melhores práticas a adotar de acordo com o contexto local.
Estabelecer um sistema nacional que faça a compilação dos registos de lobos mortos. Determinar as causas de morte e desenvolver esforços para penalizar a morte ilegal de lobos causada por laços, armadilhas e caça furtiva. Aumentar a vigilância e implementar campanhas educativas.
Estabelecer, ao nível da população (em Portugal e Espanha), uma ampla campanha contra o uso ilegal de iscos envenenados, incluindo a formação de várias unidades de cães detetores de venenos e o reforço dos serviços de investigação para contrariar as ações ilegais.
Estabelecer, a nível populacional, um documento oficial e prático que descreva os procedimentos para Avaliação de Impacto Ambiental (EIA) e Medidas Compensatórias relacionadas com o desenvolvimento de infra-estruturas (por exemplo, auto-estradas, parques eólicos, barragens, etc.) na área de distribuição do lobo.
Controlar o número de cães soltos / vadios na área de distribuição do lobo de forma a prevenir a ocorrência de hibridação. Estabelecer, a nível populacional, protocolos normalizados para avaliação genética da incidência e impacto da hibridização na população de lobos e definir procedimentos comuns para a gestão de híbridos de cães-lobos.
Identificar, a nível populacional, áreas de recolonização natural do lobo segundo atributos paisagísticos, fatores ecológicos, sociais e económicos, melhorando as condições sociais dessas áreas através da implementação de medidas específicas de prevenção de danos e campanhas educativas para prevenir conflitos futuros.
Identificar e mapear áreas prioritárias de conectividade para as populações de lobo, a fim de evitar a fragmentação do habitat. Identificar medidas para restabelecer a conectividade entre os núcleos populacionais de lobo atualmente isolados, nomeadamente entre: 1) região de Salamanca e o núcleo populacional a sul do rio Douro em Portugal; 2) a população do sudoeste Ibérico e a população da Serra Morena; 3) a população do nordeste ibérico e a área de ocorrência nos Pirenéus orientais.
Promover negócios de ecoturismo e atividades relacionadas com o lobo e estabelecer diretrizes de boas-práticas no turismo de lobos a fim de maximizar o rendimento para a economia rural e minimizar o impacto de qualquer perturbação na população lupina.
Melhorar o conhecimento da sociedade sobre os lobos, suas necessidades e comportamento, focando em particular os caçadores e os criadores de gado. Disponibilizar, junto do público em geral, informação científica sobre o lobo, como seja o número de alcateias reprodutoras, métodos de censo, parâmetros genéticos, mortalidade legal e ilegal, alimentação, predação no gado e em cães domésticos, etc.
Fontes:
Boitani et al. (2015) Key actions for large carnivore populations in Europe. Institute of Applied Ecology. Report to DG Environment, European Commission.